Defalla é uma banda de rock gaúcha que surgiu no início da década de 80, com influências de hard rock, punk rock, funk, rap, heavy metal, entre outros estilos. Especula-se que o nome vem de uma homenagem ao compositor espanhol Manuel de Falla. Considerada muito à frente de seu tempo, a banda quebrou paradigmas, ganhou espaço no cenário musical e abriu portas para uma geração de músicos e bandas, como Patu Fu, Planet Hemp, Pavilhão 9, Nação Zumbi, Ultramen, entre outras.
A primeira formação do grupo contava com Carlo Pianta (baixo, embora seja guitarrista na Graforréia Xilarmônica), Edu K (vocal e guitarra), Biba Meira (bateria), e foi responsável pela gravação de no mínimo duas demos e uma participação na coletânea gaúcha “Rock Grande do Sul”, de 1986. Mas Pianta deixou o grupo pouco antes da gravação do primeiro disco, quando então integraram a banda Castor Daudt e Flávio Santos, o Flu, ambos da extinta banda Urubu Rei (do atual produtor musical Carlos Eduardo Miranda). O novo quarteto então foi responsável pela gravação dos dois primeiros discos do grupo que foram lançados pelo selo Plug (BMG-Ariola): “Papaparty” (1987) e “Its Fuckin Borin To Death” (1988).
Fotos: Divulgação/Tadeu Vilani
Anos 80
1987
Em uma votação elaborada por críticos da “Revista Bizz” (maior publicação em termos de música popular da época), a DeFalla conquistou o prêmio de melhor LP nacional e melhor grupo de 1987. A baterista Biba Meira ficou em segundo lugar na votação de melhor instrumentista e Edu K em terceiro lugar como melhor vocalista do ano.
No ano seguinte, a mesma votação da “Revista Bizz” indicou a banda – desta vez com o segundo álbum lançado – a vários prêmios, conquistando o terceiro lugar como melhor grupo, segundo lugar como melhor LP, terceiro lugar como melhor show, segundo lugar como melhor vocalista, terceiro lugar como melhor baterista.
1988
Biba Meira deixou o grupo cedendo a bateria ao então guitarrista Castor Daudt. Marcelo Truda entrou na banda e assumiu as guitarras ao lado de Edu K, gravando o ao vivo “Screw you!” (1989) pela Devil Discos. Esse disco tinha uma capa feita com colagens de fotos pornográficas e saiu com uma capa/envelope com uma bela ilustração do desenhista Jaca, que cobria a capa original.
As mudanças musicais tornaram-se evidentes com a guinada hard rock de “Screw you!”, e em 1990 o DeFalla (agora como um trio) gravaria “We give a shit”, com uma pegada thrash metal lançado pela Cogumelo Records (importante selo de heavy metal de Minas Gerais responsável pelos primeiros discos do Sepultura). O álbum abre com uma vinheta de “Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones” (música dos Incríveis, na época regravada pelos Engenheiros do Hawaii) seguida de sonoras vaias e xingamentos.
Ainda pela Cogumelo, em 1992 saiu “Kingzobullshitbackinfulleffect92”: uma fusão de MPB com funk, rap, metal extremo, música eletrônica e outros estilos. Também marcado pela entrada de 4nazzo no cargo de guitarrista, é considerado o ápice da carreira do grupo por responder ao positivo recebimento crítico e um discreto sucesso na época. A banda recebeu alguns prêmios pela “Revista Bizz” na época, como os de melhor grupo, melhor disco, melhor vocalista e melhor letrista (Edu K), além da indicação na categoria de melhor música nacional. Nesta mesma época, a banda gravou um novo clipe, “Its fuckin Borin to death”, música que fazia parte do segundo álbum do grupo e que foi regravada no disco de 1992.
O sucesso do álbum “Kingzobullshitbackinfulleffect92” também resultou na participação da banda no Hollywood Rock, em 1993, ao lado dos Engenheiros do Hawaii, Red Hot Chili Peppers, Alice in Chains e Nirvana. Lembro-me de ter ido ao festival para assistir ao Defalla e não ao Red Hot Chili Peppers, pois estava enjoado de tanto que a MTV passava o clipe da banda. No show, Edu K tocou pelado, cortou o cabelo (que na verdade era de lã colada na cabeça) e banda tocou o terror com direito a medleys que emendavam músicas próprias com de bandas como Led Zeppelin, RHCP entre outras.
Outro momento que me lembro do festival é que tinha uma garota japa que ficava o tempo todo perguntando no show do Alice in Chains se eles já haviam tocado “Man in the box”, e eu dizia: “Não conheço essa música, vim para assistir Defalla…”
Trecho da antológica apresentação da banda no Hollywood Rock
Logo em seguida o vocalista Edu K deixou a banda, seguindo carreira solo. Na época foi substituído por Tonho Crocco (Ultramen), e o grupo apresentava um novo nome, D.Fhala. Em 1995 lançaram o disco “D.Fhala top hits”, e logo após encerraram as suas atividades.
Já sem os integrantes originais, o vocalista e fundador do DeFalla Edu K retomou as atividades do grupo em 1996, na chamada fase “Fire” ou também “Marilyn Manson”, por sua estética e sonoridade exóticas. Nesta época o DeFalla adere uma maquiagem pesada, andrógina e o som bastante eletrônico, semelhante ao big beat do The Prodigy e ao rock industrial de artistas como Ministry, Nine Inch Nails e o próprio Marilyn Manson. As músicas gravadas nessa época tiveram produção e mixagem de Eduardo Marote (produziu Skank, Cidade Negra, Pato Fu) em Nova York.
Os próximos trabalhos definiriam-se por formações pouco sólidas, mudanças drásticas de estilo musical e estético, mas encaminhariam o DeFalla para o mainstream nunca antes conseguido, como a inclusão do grupo no ascendente cenário funkeiro carioca ao explorar o miami bass no disco “Miami rock 2000”. Deste álbum surgiu a música “Popozuda rock n roll”, hit que estourou nas rádios e programas de TV de todo o país, duramente criticado por diversos fãs tradicionais da banda. As acusações apontariam que, apesar de todo seu histórico mutante, o DeFalla estaria “passando dos limites” ao aproximar-se da música comercial de maneira apelativa. Edu K justifica: “Popozuda é completamente AC/DC, se você tirar a batida. E é legal porque hoje a tocamos desse jeito, então talvez agora as pessoas possam entender porque o Miami era um disco de rock”.
Mais tarde o DeFalla ainda arriscaria o glam rock e o hardcore melódico nos dois discos “Superstar” e “Soda pop” (2003), este último não lançado oficialmente.
Em 2004, o DeFalla voltou ao palcos num show comemorativo aos 20 anos de carreira do grupo tocando no Opinião (em Porto Alegre). A turnê se estendeu ao Rio de Janeiro, tocando no Circo Voador, onde costumavam fazer muitos shows, passando por São Paulo, Florianópolis, Curitiba, entre outras cidades.
Em 2011, já com mais de 25 anos de banda, a DeFalla reuniu sua formação clássica do primeiro e segundo álbuns – Edu K, Castor Daudt, Flávio Santos (Flu) e Biba Meira – para fazerem um show histórico e único em Porto Alegre, no Beco, no projeto Discografia Rock Gaúcho, onde tocaram na íntegra o disco “Papaparty”, que lançou os sucessos “Ferida”, “Sobre amanhã”, “Alguma coisa” e o grande clássico “Não me mande flores”.
A participação da DeFalla no projeto Discografia Rock Gaúuacute;cho foi o início de um “retorno” da banda aos palcos, embora ela nunca tenha acabado, mas desta vez retoma sua atividades com sua formação mais clássica, de grande sucesso. Agora é torcer para que saiam em turnê e passem pelo Rio de Janeiro.
“Raio X” com Edu K
. Nome artístico: Edu K.
. Banda: Defalla, Atomic Mambo All-Stars, Sexperience e Edu K (solo).
. Como define o som da sua banda? Putz… Na real, a definição é que não tem definição! (risos)
. Se uma pessoa quisesse conhecer sua banda através de uma música, que música apresentaria? “Popozuda rock n roll!”.
. Cite três artistas ou bandas nacionais que você curte. Gang Do Eletro, Os Mutantes e Black Style.
. Cite três artistas ou bandas internacionais que você curte. Iggy & The Stooges, David Guetta e The Rolling Stones.
. Se você não tocasse em sua banda, qual banda gostaria de tocar? Restart. (risos)
. O melhor show que já assistiu: Iggy & The Stooges (especialmente porque não me lembro de porra nenhuma do show – risos).
. O pior show que já assistiu: hmmm… Lenine abrindo pro James Brown. (risos)
. Um dos melhores shows/lugares que você já tocou: Hollywood Rock, 1993 com o Defalla e Melt! Festival, na Alemanha, solo.
. Uma curiosidade ou fato engraçado de backstage que aconteceu com você ou que presenciou: Depois de um show muito louco com metade da plateia pelada em cima do palco em Juiz de Fora, faltou luz no camarim e todo mundo tava fora da casinha e tinha uma mina chorando e gritando: Por que vocês não tocaram “Ferida”? (risos) E depois ainda saímos na caçamba de um caminhão berrando pela cidade! (risos) Bons tempos!
#XTRAS
Clipe “Screw you Susie Doll”
“Its fuckin borin to death” – Música foi regravada no CD “Kingzobullshit”, de 1992
Por Xan zineiromaldito@hotmail.com
Fonte: www.olhovivoca.com.br
As mutações de Edu K e da banda Defalla
Vocalista faz uma rapidinha com a coluna, fala de seus gostos e conta um caso curioso de bastidores
Cena alternativa – 11/01/2013 17:27