• JORNAL DO BRASIL • 21.07.2001
Nudez em 93 foi o auge. Com Depoimentos do Edu K.
O músico diz ter chegado a Porto Alegre em uma de suas piores épocas, em que não existia rock e o tradicionalismo musical reinava: “O máximo da rebeldia era usar bombacha sem cueca.” Disputando um exemplar do LP One Step Beyond, da banda de ska Madness, acabou conhecendo dois dos poucos new waves que existiam em Porto Alegre: Carlos Eduardo Miranda (da banda Urubu Rei, que mais tarde virou produtor e descobridor dos Raimundos) e Carlos Gerbase (dos Replicantes, que se tomaria cineasta — foi ele quem recentemente dirigiu o longa Tolerância). Poucos anos depois, com músicos do Urubu Rei, montaria o Defalla. O nome que o segue até hoje veio do compositor e violonista espanhol Manuel DeFalla. “O Carlo Pianta (baixista da primeira formação) conseguiu escolher o nome mais horrendo possível. Mas na época era legal”, diz.. Era o início de uma trajetória cujo ponto de maior popularidade foi em 1993 quando, no Hollywood Rock, Edu entrou no palco nu, só com uma meia a tapar-lhe as vergonhas.
Algo que, dirão alguns, era feito com constância pelos americanos do Red Hot Chili Peppers. Sem Pop — “Os caras que fizeram as melhores coisas copiaram aquilo de que gostavam”, teoriza. “Depois do rock, ninguém inventou mais nada. A Segunda Guerra criou o jovem. Hoje não existe mais jovem, vai precisar de uma outra guerra. “Três são seus personagens favoritos: Keith Richards, o camaleão mor David Bowie e Iggy Pop, que ele procura evitar. “Na última vez em que baixou o Iggy em mim, eu fui acordar na Lagoa da Conceição”, diz, evitando maiores detalhes. E o que é mais impressionante: Edu K é careta, garantem os amigos. “Quando ele era guri, experimentou de tudo. E aí descobriu que não precisava de nada”, conta Flávio Santos. “Ele toma refrigerante e gosta é de coxinha de galinha.”
Morador da Barra da Tijuca (há algo mais Miami Rock que a Barra?), Edu alterna o Defalla com alguns trabalhos de produção. “Só produzo amigos. As gravadoras não acham que eu tenha sanidade”, conta. Em breve, estará vindo aí com o novo disco da Tiazinha, que vai ser totalmente rock’n roll. “Eu obriguei ela a cantar, fiz a maioria das canções e toquei muitos instrumentos”, conta. Não é a sua única admiradora no mundo das purpurinadas. Narcisa Tamborinde-guy é só elogios à nova música Ai, que loucura, em que Edu a lança candidata a presidente do Brasil. “A música chegou para ficar! Só de dançar você já fica louca”, anima-se a socialite e escritora, que já garantiu presença na Loud! hoje.
Falar em futuro com Edu K é impossível. Mas, entre seus planos, está o de gravar um disco com big band, em estilo Frank Sinatra. Só o que falta mesmo é um dia ele fazer um CD de música tradicional gaúcha, não é mesmo? “No dia em que ela for discriminada, pode ter certeza de que que eu vou estar fazendo!”, ameaça. (S.E.)
(imagem com a ‘continuação da capa’ do JORNAL DO BRASIL)
Foto Iggy Pop: o roqueiro é referência musical e visual tão forte para Edu K que chega a assustar o cantor