Relicário do Rock Gaúcho

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[PRESS] Um super-8 gaúcho brilha em Gramado [Deu pra ti Anos 70]

Um dos filmes mais elogiados em Gramado é o longa-metragem em Super-8 Deu Pra Ti Anos 70. dos gaúchos Giba Assis Brasil e Nelson Nadotti. Entusiasmado com a personalidade deste filme, o ator Walmor Chagas apontou-o como “o começo do cinema no Rio Grande do Sul”. Para o professor Aníbal Damasceno, assistente de direção da maioria dos longas-metragens filmados em nosso Estado, Deu Pra Ti Anos 70 atinge o nível que nos permite afirmar que o cinema gaúcho “dobrou o Cabo da Boa Esperança”.

Seus autores preferem não exaltar consolidações e sim registrar a inesgotável mudança e evolução dos grupos sociais. com um pouco de carinho e ironia e um par de olhos que já transam os anos 80. Um filme sobre a memória e a maneira como as coisas acontecem na cabeça da gente. anos depois de terem acontecido. Deu Pra TI Anos 70 se desdobra entre duas linhas narrativas que se alternam e se sobrepõem do princípio ao fim. Uma delas tenta recompor a -história” das personagens. Em situações arbitrariamente escolhidas da década, mas mostradas em ordem cronológica, de 1971 a 78.

O que vem depois está contido na segunda linha narrativa do filme e, segundo Giba Assis Brasil. se passa no presente, mais precisamente nos últimos dias de dezembro de 1979, o derradeiro suspiro da década de 70: “Sendo o ponto de partida da memória de Ceres e Marcelo (as duas personagens) em direção ao passado, este estágio atual da vida deles também é o ponto de partida de seus projetos de vida para os anos 80”.

Visto sob o ponto de vista dos jovens que cresceram e viveram a década em Porto Alegre, ou, como preferem Giba e Nadottl, sob o ponto de vista dos autores, porque assim foi concebido o argumento desde o Inicio, Deu Pra TI Anos 70 se preocupa em evitar ainda os rótulos que estimam os anos 70 como a “década da infâmia”, os “anos do sufoco”, em oposição aos anos 60 que teriam sido “a década que mudou tudo”.

“Sentimos a obrigação de contar que os anos 70 mudaram tudo de novo, dando pouca importando ao fato das pessoas verem a repressão como algo fundamental. Como Foucault, preferimos ver as coisas pelo lado da estratégia, Isto é. de como as coisas acontecem apesar da repressão”, diz Nadotti.

— Elitismos históricos não conduzem a nada — pensam Giba e Nadotti — e o melhor é admitir a hipótese de que estamos sempre acertando e errando e que novas cabeças e novas situações pintam a todo o momento, para mudar aquilo que acreditamos estar consolidado”.

[Acervo Pessoal]

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